quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

SUGESTÕES DO CATA LETRAS

















Quando se avizinha uma breve interrupção das actividades lectivas, o Cata Letras aproveita para sugerir dois títulos que serão útil companhia até ao regresso à escola. Duas sugestões subscritas pelo Plano Nacional de Leitura, dois livros que poderão requisitar na nossa biblioteca, ou, se quiserem, duas prendas que poderão sugerir ao Pai Natal.

O da esquerda, Estrela à Chuva, foi escrito pela portuguesa Teresa Maia Gonzalez e recomendamo-lo, sobretudo, a alunos do segundo ciclo. É a história de uma adolescente obcecada pelo êxito e pela fama, ao ponto de pôr em causa quase todas as relações familiares e de amizade.

O da direita, O Perfume, é do alemão Patrick Suskind e trata-se de um verdadeiro sucesso do mundo editorial. Já vendeu mais de 15 milhões de cópias em diferentes línguas e relata a bizarra história de um homem que tem um olfacto extraordinariamente apurado mas que, imaginem, não possui cheiro próprio. Um livro que recomendamos a alunos do terceiro ciclo e do secundário.

Boas festas e … boas leituras.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

UM CONTO DE NATAL

Celeste Correia foi professora na nossa escola até há bem pouco tempo e, como felizmente os seus caminhos ainda se cruzam com os nossos, disponibilizou-se para colaborar com o nosso blog, enviando-nos, entre outras coisas, este invulgar conto de Natal, dedicado aos alunos que a ensinaram a trilhar os mais belos caminhos da vida e aos que lhe transmitiram nobreza de valores que foi assimilando:

Um pesadelo? Um gemido? Um ser humano? Tinha a alma vestida de amargura, o coração cercado de angústia e o desamparo a varrer-lhe corpo e alma! …Quem quer que pudesse parar para o acolher e dar-lhe um pouco de alento era repelido pelo cheiro nauseabundo daquele acanhado espaço tão sombrio como imundo. Trapos velhos, seringas e um sem número de objectos já sem forma, enchiam aquele canto cujo abrigo eram uns muros em ruínas e um tecto, aqui e além descoberto, por onde alguma estrela mais teimosa, ousava espreitar, nas longas noites de Inverno.
Era no centro de uma grande cidade, dessas obras-primas do século XXI onde moram, paredes meias com o Progresso, arranha-céus e miséria. Como pode neste século “Iluminado” conviver a maior riqueza com a mais extrema miséria?... Dão-se bem?!
Era um pobre … (alguém diria: “pobre diabo…”) já sem veias, já quase sem suporte físico, já quase sem alma, já quase sem existência… Um sopro, um vento, uma aragem poderiam, a qualquer instante, apagar aquela vida que ainda ousava gritar no silêncio amargo do abandono: Porque tardas em vir, ó morte, porque tardas em vir, se tens de chegar?! Não sabes, ó morte, que a vida é mesmo assim… mar de ilusões, mar de vaidades, mar de hipocrisia que naufraga dia a dia? Quem aguenta a dor que joga ao desafio entre o limite do sofrer e do viver?
E tudo começou quando aquele, ainda belo menino de treze anos, se lembrou de jogar à cabra cega.
Era já tarde; recordou nos minutos que fechavam aquela noite de vinte e quatro de Dezembro. Tudo o que era sublime então, se transformou em amálgama de miséria. Houve um tempo em que a amizade, a alegria, a felicidade e o amor foram crescendo com ele à medida que o tempo decorria, rápido demais. Neste jogo de liberdade e cabra cega consigo próprio, se foi perdendo e confundindo. Sua Mãe morreria dali a quatro anos. Houve um tempo, recordou no ecrã da sua memória, despedindo-se: convivi, diariamente, enquanto ia decorrendo a história da minha vida, com uma sucessão intensa de acontecimentos, com opiniões fortes, com indignação, com solidariedade e compromisso, construindo ideais embalados em sonhos, aprendendo na alegria a felicidade e o amor que transpirava das coisas pequenas… jogos de bola, de escaladas de montanha, de sorrisos da madrugada, dos barcos à vela, do brilho das estrelas, das noites sem luar e da linguagem do Pôr do Sol. Agora, farrapo de gente, mal distinguia o rosto dos amigos que cresceram com ele e queria agradecer-lhes… despedir-se... convidá-los a ser livres. Agora vence a cabra cega. Confundido não sabendo se já para além da vida… Também se morre no Natal? Tem o direito de renunciar à vida?
Um manto invade o sub-mundo que o rodeia. Um vulto o envolve. Sua Mãe virá aconchegá-lo? Aquela Mãe que foi morrendo nesse jogo de cabra cega…cuja vida o desalento foi ceifando debatida pela angústia que destrói o direito de morrer descansada e que ele não soube escutar.
Eram já decorridos alguns anos e o seu pequeno Ernesto pedia-lhe, agora com dezanove anos, com a energia a escoar-se-lhe que, neste Natal, junto de Jesus Menino, lhe colocasse, de novo, no sapatinho de quando ainda era menino, de presente, um milagre. Nesta agonia só sua Mãe lhe poderia valer. Implorou a sua protecção, lá do alto, com toda a sua fé de menino, pedia-lhe conforto para o seu último Natal.
Subitamente, aquele espaço transformou-se.
Eis se não quando, do sapatinho de menino, ali colocado, irrompe um brilhante clarão! Era meia-noite! Tinha chegado o Natal!... Ernesto abre os olhos e bebe uma poção mágica ali colocada. Seria o Milagre pedido?!.
Não se sabe se houve milagre. Sabe-se sim que houve transformação, confirmam os seus escritos, recolhidos por alguém que, mais tarde, acredita tê-lo encontrado.
Abandonou o “cabra cega” passando ao jogo com a “liberdade”, tudo fazendo por ajudar outros meninos que ali vinham refugiar-se e pensava, repetidas vezes: Quando será que o sofrimento se compadece daquele irmão? Porque está ele ali e não eu, habitante anónimo deste Planeta? Quem o arrastou assim, quem está prestes a excluí-lo de viver?
Doravante, tudo farei para que todos vivam com dignidade!
Ainda hoje restam dúvidas sobre “Milagre…”, Poção Mágica…” Não teria sido salvo por uma dessas Missões Humanitárias de que ele passou a fazer parte?
Há quem afirme ter-se cruzado com ele engrossando o volume da juventude anónima que: “… Por obras valerosas se vai da morte libertando”(a)

(a)referência a Luís de Camões


Mª. Celeste Correia

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

LIVROS QUE MARCAM

Já não é a primeira vez que um professor da nossa escola faz o favor de nos deixar algumas palavras sobre um livro marcante. Desta vez, Helena Lima, professora de Língua Portuguesa aqui na EB 2,3/S Dr. Daniel de Matos, enviou-nos as suas impressões sobre uma obra central da nossa literatura, Os Maias de Eça de Queiroz:

"É um livro que leio e releio e me parece sempre actual. Modificando apenas os nomes de algumas das personagens, poderíamos dizer que, afinal, é mesmo verdade que a História se repete."

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

IMAGINAÇÃO (NATALÍCIA) À SOLTA

Numa altura em que o espírito natalício (com tudo o que ele representa) anda um pouco por todo o lado, assumindo mil e umas formas, eis que nos chega este relato de um Natal vivido por um dos nossos alunos. Uma história simples mas franca. É o Natal visto por uma criança de 10 anos:

No Natal passado, eu estava ansioso para que esta festa chegasse, para poder ter as minhas prendas. Mas não sabia o que devia pedir aos meus Pais, para eles me comprarem. Então lembrei-me de perguntar a todos os meus colegas o que é que eles gostariam de receber, mas nada do que eles disseram me interessou.
No dia seguinte, os meus Pais perguntaram-me o que é que eu queria, mas como eu não tinha ainda decidido, disse-lhes para comprarem o que conseguissem e eles concordaram. Como eu continuava sem saber o que queria, pensei, em vez de receber, dar eu aos meus Pais uma prenda: um desenho feito por mim!
Na véspera de Natal, eu, a minha Mãe, o meu Pai e a minha irmã fomos à procura de uma árvore e, mais tarde, depois de já a ter em casa, fomos enfeitá-la e colocar os presentes junto dela.
No Dia de Natal, fomos abrir esses presentes e eu tinha, para mim, uma mota telecomandada, roupa, um boneco e dinheiro. Depois de todos os presentes abertos, eu fui ter com os meus Pais e dei-lhes o desenho que eu tinha feito e expliquei-lhes que não tinha comprado nada de especial para eles, porque não tinha dinheiro e eles disseram que não era preciso nada porque, só com um beijo meu, eles ficavam felizes!
(David Silva – Nº 9 – 5º C)