segunda-feira, 21 de maio de 2012

Prescrição de leitura

Aproveitando a visita do escritor José Fanha ao nosso Agrupamento, a professora Helena Lima elaborou a bula de uma das mais conhecidas obras do autor: O Dia em que no Mar Desapareceu.


Recomenda-se a leitura do documento antes de iniciar o tratamento.



Prescrição de Leitura

O DIA EM QUE O MAR DESAPARECEU - JOSÉ FANHA
“Gosto de ir ver o mar, molhar as mãos no mar e meter o nariz debaixo de água. Apanho cada pirolito! Mas gosto, mesmo assim. O meu mar é azul e, quando o vejo, fico feliz com o coração cheio de azul por todo o lado.” 
(...)
“Há mares que são verdes. Há um mar Vermelho. Mas não é vermelho. É só o nome. Há outro que se chama Mar Negro. Também é só nome. E há mares com muitos nomes: Mar Mediterrâneo, Mar Cáspio, Mar da China, Mar dos Sargaços...”
(...)
“Às vezes, o meu mar fica cinzento. Tudo por causa do céu que é muito vaidoso. Quando o céu está cheio de nuvens cinzentas e vai ver-se ao espelho, no espelho que é o mar, entorna-lhe o cinzento todo para cima e deixa o mar triste, escuro e cheio de frio.”
(...)
“É preciso tratar bem do mar para ele ficar sempre assim tão azul, tão brilhante e tão limpo. Mas há quem não trate bem do mar.” – assim se exprime o narrador.

Mas, um dia, o mar começou a desaparecer...e desapareceu mesmo, por causa de uns pássaros Bisnaus que eram pretos e cheios de borbulhas, andavam sempre despenteados e cheiravam mal, porque nunca tomavam banho. 
Deitavam lixo para o chão, faziam muito barulho, incomodavam toda a gente, fumavam na praia, colavam pastilhas elásticas em toda a parte, punham música alta e os filhos só comiam mesmo comida que não presta.
Escusado será dizer que, com tanta porcaria e tanto barulho por ali, as gaivotas fugiram, os peixes desataram todos a tossir e resolveram fugir também. E até os corais e as pedras do fundo do mar se desfizeram e as algas deixaram de crescer. O sol parou de brilhar e o mar deixou mesmo de ser azul...até desaparecer. 

“Um dia, fui passear até à praia e fiquei a olhar para o mar para quele sítio triste e seco, onde tinha existido o meu mar. Senti cá uma vontade de chorar, de deixar correr as lágrimas pela cara abaixo!...”
“Lágrimas! De repente pensei que, se eu chorasse muito, talvez as minhas lágrimas pudessem encher o mar outra vez... Mas não. Não há lágrimas que cheguem para encher um mar. E depois, um mar feito só de lágrimas seria um mar muito triste...” – conclui o narrador.
Então, foi tentar descobrir a mãe do mar para o fazer renascer e... encontrou-a! Era  a nuvem Miraldina, uma nuvem gorda, gordinha, carregadinha de água e que começou, pingo a pingo, chovendo, a fazer nascer, de novo, o mar, primeiro pequenino e baixinho e, depois, enorme e cheio de água cada vez mais azul. E, lá longe, os peixes souberam da notícia e resolveram regressar, de novo, todos, todos, num grande cortejo, a desfilar, trazendo novos amigos que, entretanto, tinham feito! E, no final, o mar ficou ainda mais bonito!
Texto com supressões de/O dia em que o Mar desapareceu, de José Fanha


 “O Dia em que no Mar Desapareceu”
Laboratório José Fanha/Gailivro

Dosagem de Leitura : Às páginas 

Composição 
“O Dia em que o Mar desapareceu” é um ótimo remédio para os seus momentos de leitura. Tem como personagem principal uma família de pássaros Bisnaus que suja a praia toda o que faz com que o mar fique tão triste que acaba por desaparecer. 

Indicações
É excelente em pacientes poluidores e com maus comportamentos ambientais. Atua eficazmente e, como tem bom efeito terapêutico, já vai num número elevado de edições.

Precauções 
 A sua leitura e as suas belas ilustrações constituem uma saudável  narração viciante, difícil de  parar sem conhecer o fim da história. Deve ter-se o cuidado de  recomendar o livro  a amigos, colegas e familiares.

Posologia
É vantajoso  e mais eficaz dedicar diariamente alguns momentos à  leitura. Em caso de situação aguda, deve fazer-se um tratamento intensivo reforçando, de hora a hora, o número de páginas lidas. Na nossa Biblioteca, encontrará doses completas cheias de humor e satisfação .

Outras indicações
Se gostou poderá, igualmente, ler do mesmo autor :  O Meu Amigo Zeca Tum-Tum e os Outros;  Zulaida e o Poeta; O Dia em que a Barriga Rebentou; O Dia em que a Mata Ardeu;  A Namorada Japonesa do meu Avô; A Porta;  Histórias para contar em Noites de Luar;  Poemas com Animais;  Poemas da Natureza; Poemas para um Dia Feliz;  Diário Inventado de um Menino já crescido; Os Sapatos do Pai Natal;  Era uma vez a República...

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