sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

A velha


Numa atividade proposta na disciplina de Língua Portuguesa, à Turma 8º B, surgiu este belo texto que hoje publicamos. Parabéns à sua autora!

A Velha

Aquela mulher sempre fora estranha para nós, os mais novos. A mim, fascinava-me... Era como a marca que o passado quisera deixar,  antes de dar lugar ao presente. Uma velha. Ela era uma figura distante e parecia não pertencer ao nosso mundo, com outros costumes e jeitos.
Quando me lembro, parece que ainda consigo vê-la. Já não me recordo de lhe ver os cabelos ao vento, pois estes estavam sempre cobertos por um véu negro, cor que predominava na sua indumentária, pelo luto que fazia ao marido que já há muito falecera. No entanto, um pouco de cabelo não era escondido, e esse era branco, como imagino que seria todo o resto. No seu rosto, eram visíveis as rugas, prova dos anos que já levava de avanço aos mais novos. Os lábios e a boca raramente mostravam um sorriso e os olhos já não brilhavam como os de uma jovem sonhadora e a realidade de uma vida de trabalho estava impressa neles, nitidamennte. Eles apenas brilhavam quando as lágrimas os molhavam, antes de escorrerem pelo seu rosto triste quando, à noite e sozinha na cama, se lembrava de que não faltava muito tempo parar ir ter com o seu marido...
Oh! Como ela estava certa e, antes que qualquer pessoa da aldeia esperasse, o seu dia chegou. 
Agora que penso nisso, acho que só nesse dia nos apercebemos de que ela tinha estado sozinha durante muito tempo e que, assim, morrera. 
Mesmo assim, por muito estranha que ela me parecesse, nunca a esquecerei, ainda por cima quando agora, melhor do que nunca, a entendo, pois a descrição que dela fiz a mim se adequará...
(Trabalho de Célia Subtil – nº 9 – 8º B)

2 comentários:

Anónimo disse...

uau!!! Nem parece um trabalho de uma aluna. Deus queira que te aplicas para um dia eu ouvir falar de ti.

Anónimo disse...

Parabéns! Está lindíssimo!