7º A - Pequeno Poema
Quando eu nasci,
Ficou tudo como estava.
Nem homens cortaram veias
Nem o Sol escureceu
Nem houve estrelas a mais…
Somente,
Esquecida das dores,
A minha Mãe sorriu e agradeceu.
Quando eu nasci,
Não houve nada de novo
Senão eu.
As nuvens não se espantaram,
Não enlouqueceu ninguém …
Para que o dia fosse enorme, bastava
Toda a ternura que olhava
Nos olhos da minha mãe.
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7º B - A VIDA
A vida é sopro suave,
Voa mais leve que a ave
A vida é sonho tão leve
Que se desfaz como a neve
A vida leva-a o vento,
De vale em vale impelida
A vida – pena caída
Da asa da ave ferida –
A vida dura num momento.
Mais leve que o pensamento,
A vida é nuvem que voa;
Uma após outra lançou,
A vida é ai que mal soa,
A vida o vento levou!
A vida é estrela cadente,
A vida é flor na corrente,
Onda que o vento e os mares,
E como o fumo se esvai:
Nuvem que o vento nos ares,
A vida é sombra que foge,
A vida é o dia de hoje,
A vida é folha que cai!
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7º C - BRINQUEDO
Foi um sonho que tive:
Era uma grande estrela de papel,
Um cordel
E um menino de bibe.
O menino tinha lançado a estrela
E a estrela ia subindo, azul e amarela,
Presa pelo cordel à sua mão.
Mas tão alto subiu
Que deixou de ser estrela de papel.
E o menino , ao vê-la assim, sorriu
Com ar de quem semeia uma ilusão;
E cortou-lhe o cordel
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7º D - O INVERNO
Velho, velho, velho
Chegou o Inverno.
Vem de sobretudo,
Vem de cachecol,
O chão onde passa
Parece um lençol.
Esqueceu as luvas
Perto do fogão:
Quando as procurou,
Roubara-as um cão.
Com medo do frio
Encosta-se a nós:
Dai-lhe café quente
Senão perde a voz.
Velho, velho, velho.
Chegou o Inverno.
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7º E - TARDE QUENTE
Havia, às vezes, deslizes
De insectos na água quieta
Que vinham beber, pousando
Nas águas em sono brando,
Dentre as margens, no silêncio mole,
Caíam,
Sobre folhas velhas
Discos breves de Sol.
Flutuando…
À beira do tanque, estava
Leve zumbir de abelhas
E reflexos felizes
De um voo de borboleta…
Caíam
E ficavam tremulando
Na tarde quente
Um bom silêncio dormente.
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8º A - Urgentemente
É urgente o amor, é urgente
Permanecer.
Caí o silêncio nos ombros e a luz
Impura, até doer.
É urgente o amor.
É urgente inventar alegria,
Multiplicar os beijos, as searas,
E manhãs claras.
É urgente destruir certas palavras,
Ódio, solidão e crueldade,
Alguns lamentos,
Muitas espadas.
É urgente descobrir rosas e rios
É urgente um barco no mar.
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8º B - PORQUE
Porque os outros se compram e se vendem
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros usam a virtude
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
E os gestos dão sempre dividendo
Porque os outros calculam mas tu não.
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque
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8º C - Amigo É…
Amigo é um sorriso
Amigo é o erro corrigido,
Amigo é uma grande tarefa,
Amigo é o contrário de inimigo!
Amigo vai ser, é já uma grande festa!
Amigo é solidão derrotada!
É a verdade partilhada, praticada.
Amigo (recordam-se vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
Um trabalho sem fim,
Um coração pronto a pulsar
Não o erro perseguido, explorado.
Mal nos conhecemos
De boca a boca,
Um olhar bem limpo,
Um espaço útil, um tempo fértil,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece.
Na nossa mão!
Inaugurámos a palavra amigo!
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8º D - O POEMA É …
O poema é
- Como os deuses o dessem
Sílaba por sílaba
Porém a disciplina
O fazemos
O poema emerge
A liberdade
O acompanha
- Sílaba por sílaba –
Um poema não se programa