(A
mãe, o pai, a tia e o tio do narrador estão na feira. A mãe do narrador vê uma
galinha de barro.)
Mãe – Olha que galinha engraçada! Parece que está a pôr ovos ou a
chocá-los É tão bonita com este tom acastanhado… Vou comprá-la.
Vendedora – E olhe que é quase de graça…
Mãe – Quanto custa?
Vendedora – São vinte mil réis. Não paga nem o material!
Mãe – Mas isso é muito caro! Levo-a por dez mil.
Vendedora – Então vendo-a por doze mil e duzentos réis.
Mãe (entregando o dinheiro) – Pode ser. Aqui tem o dinheiro.
(A
tia aproxima-se.)
Tia – Que galinha mais bonita! Vou comprar uma para mim também. Senhora!
Esta galinha, quanto custa?
Vendedora – Vinte mil réis.
Tia (aumentando o tom de voz, com esperança de conseguir baixar o preço) –
O quê? Ouvi bem? A senhora disse vinte mil réis? Isso só se o fosse roubar!
Vendedora (tentando acalmar a tia) – Pronto, então faço-lhe
sete mil e quinhentos réis. É pegar ou largar!
Tia – Feito!
Mãe (indignada) – As galinhas são exatamente iguais! Porque é que a minha
custou doze mil e duzentos réis e a dela ficou por sete mil e quinhentos? É
inadmissível!
Vendedora – Foi por ser a última, minha senhora.
Tia (olhando com um ar desconfiado para a galinha da mãe) – Não! Claramente
que a tua galinha é diferente da minha!
Mãe (ironicamente) – Olha, só se foi por ser mais cara.
Tia (erguendo a voz) – Não se vê bem que são diferentes? A tua tem o bico
mais perfeito! E o rabo?! Isto é lá rabo que se compare?
Mãe (tentando pôr fim ao sermão) – Santa Bárbara! Se gostas mais desta,
leva-a, mulher!
Tia – Já que insistes… Está bem, eu troco. Mas sempre te digo que a minha
é de mais dura, basta bater-lhe assim (bateu) para se ver que é mais forte.
Mãe (irritada) – Então fica com ela outra vez.
Tia (erguendo novamente a voz) – Não, não. Trafulhices, não. Está trocada,
está trocada.
Tio (aparte) – Deixa-me cá estar caladinho, senão ainda levo por tabela…
Pai (aparte) – Eu cá não me meto porque está-se mesmo a ver que é um
assunto de mulheres… Elas que se entendam!
(Os
pais e os tios do narrador continuam a fazer compras. Passado pouco tempo
encontram-se de novo.)
Mãe – Nós já acabámos as nossas compras e vamos agora na carroça do
António Capador. E vocês?
Tio – Nós também já acabámos as nossas compras.
Tia (com um ar importante) – Já acabámos, mas temos de ir visitar a D.
Aurélia que é uma pessoa importante... Voltamos só na camioneta da carreira.
Tio (aparte) – Tenho mesmo que ir, senão sabe Deus o que me pode
acontecer!
Mãe – Tudo bem, então. Até lo…
Tia (interrompendo-a) – Olha lá, tu podias era levar-me a galinha para tua
casa, para não ter de andar com ela o dia inteiro num braçado, que até se pode
partir.
Mãe – Claro que posso! (Pega na galinha.)
Guião para dramatização da parte inicial do conto "A Galinha", de Vergílio Ferreira ,
elaborado pelo 9.º B e lido ao 9.º C na “Estafeta de textos”
(supervisão: Profª. Fátima Coimbra)