quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Poemas Puzzle

7º A - Pequeno Poema


Quando eu nasci,

Ficou tudo como estava.

Nem homens cortaram veias

Nem o Sol escureceu

Nem houve estrelas a mais…

Somente,

Esquecida das dores,

A minha Mãe sorriu e agradeceu.

Quando eu nasci,

Não houve nada de novo

Senão eu.

As nuvens não se espantaram,

Não enlouqueceu ninguém …

Para que o dia fosse enorme, bastava

Toda a ternura que olhava

Nos olhos da minha mãe.

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7º B - A VIDA


A vida é sopro suave,

Voa mais leve que a ave

A vida é sonho tão leve

Que se desfaz como a neve

A vida leva-a o vento,

De vale em vale impelida

A vida – pena caída

Da asa da ave ferida –

A vida dura num momento.

Mais leve que o pensamento,

A vida é nuvem que voa;

Uma após outra lançou,

A vida é ai que mal soa,

A vida o vento levou!

A vida é estrela cadente,

A vida é flor na corrente,

Onda que o vento e os mares,

E como o fumo se esvai:

Nuvem que o vento nos ares,

A vida é sombra que foge,

A vida é o dia de hoje,

A vida é folha que cai!

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7º C - BRINQUEDO


Foi um sonho que tive:

Era uma grande estrela de papel,

Um cordel

E um menino de bibe.

O menino tinha lançado a estrela

E a estrela ia subindo, azul e amarela,

Presa pelo cordel à sua mão.

Mas tão alto subiu

Que deixou de ser estrela de papel.

E o menino , ao vê-la assim, sorriu

Com ar de quem semeia uma ilusão;

E cortou-lhe o cordel

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7º D - O INVERNO


Velho, velho, velho

Chegou o Inverno.



Vem de sobretudo,

Vem de cachecol,

O chão onde passa

Parece um lençol.



Esqueceu as luvas

Perto do fogão:

Quando as procurou,

Roubara-as um cão.



Com medo do frio

Encosta-se a nós:

Dai-lhe café quente

Senão perde a voz.



Velho, velho, velho.

Chegou o Inverno.

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7º E - TARDE QUENTE


Havia, às vezes, deslizes

De insectos na água quieta

Que vinham beber, pousando

Nas águas em sono brando,

Dentre as margens, no silêncio mole,

Caíam,

Sobre folhas velhas

Discos breves de Sol.

Flutuando…

À beira do tanque, estava

Leve zumbir de abelhas

E reflexos felizes

De um voo de borboleta…

Caíam

E ficavam tremulando

Na tarde quente

Um bom silêncio dormente.

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8º A - Urgentemente


É urgente o amor, é urgente

Permanecer.

Caí o silêncio nos ombros e a luz

Impura, até doer.

É urgente o amor.

É urgente inventar alegria,

Multiplicar os beijos, as searas,

E manhãs claras.

É urgente destruir certas palavras,

Ódio, solidão e crueldade,

Alguns lamentos,

Muitas espadas.

É urgente descobrir rosas e rios

É urgente um barco no mar.

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8º B - PORQUE

Porque os outros se compram e se vendem

Para comprar o que não tem perdão.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos

E tu vais de mãos dadas com os perigos.

Porque os outros usam a virtude

Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros são os túmulos caiados

Onde germina calada a podridão.

E os gestos dão sempre dividendo

Porque os outros calculam mas tu não.

Porque os outros se mascaram mas tu não

Porque os outros se calam mas tu não.

Porque

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8º C - Amigo É…


Amigo é um sorriso

Amigo é o erro corrigido,

Amigo é uma grande tarefa,

Amigo é o contrário de inimigo!

Amigo vai ser, é já uma grande festa!

Amigo é solidão derrotada!

É a verdade partilhada, praticada.

Amigo (recordam-se vocês aí,

Escrupulosos detritos?)

Um trabalho sem fim,

Um coração pronto a pulsar

Não o erro perseguido, explorado.

Mal nos conhecemos

De boca a boca,

Um olhar bem limpo,

Um espaço útil, um tempo fértil,

Uma casa, mesmo modesta, que se oferece.

Na nossa mão!

Inaugurámos a palavra amigo!

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8º D - O POEMA É …


O poema é

- Como os deuses o dessem

Sílaba por sílaba

Porém a disciplina

O fazemos

O poema emerge

A liberdade

O acompanha

- Sílaba por sílaba –

Um poema não se programa

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