PIEC
POEMA PARA LILI
Da Cruz Quebrada a Palmela…
No comboio descendente
Vinham todos à janela,
No comboio descendente
E os outros a dar-lhes trela –
No Comboio descendente
Uns calados para os outros
De Queluz à Cruz Quebrada…
Vinha tudo à gargalhada,
Uns por verem rir os outros
No comboio descendente
E os outros sem ser por nada –
E os outros nem sim nem não –
No comboio descendente
Uns dormindo outros com sono,
Mas que grande reinação!
No comboio descendente
De Palmela a Portimão…
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9º A
ESCADA SEM CORRIMÃO
Há quem chegue a deitar fora
O lastro do coração.
Vai a caminho do sol
Mas nunca passa do chão.
É uma escada em caracol
E que não tem corrimão.
Sobe-se numa corrida
Correm-se p`rigos em vão.
Os degraus, quanto mais altos,
Mais estragados estão.
Nem sustos nem sobressaltos
Servem sequer de lição.
Quem tem medo não a sobe.
Quem tem sonhos também não.
Adivinhaste: é a vida
A escada sem corrimão.
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9º B
Na minha juventude antes de ter saído
Da casa de meus pais disposto a viajar
E era só ouvir o sonhador falar
Chegava o mês de Maio era tudo florido
Eu conhecia já o rebentar do mar
Das páginas dos livros que já tinha lido
E tudo se passava numa outra vida
O rolo das manhãs punha-se a circular
E havia para as coisas sempre uma saída
Da vida como se ela houvesse acontecido
Só sei que tinha o poder duma criança
Entre as coisas e mim havia vizinhança
Quando foi isso? Eu próprio não sei dizer
E tudo era possível era só querer.
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9º C
Escada sem corrimão
É uma escada em caracol
E que não tem corrimão.
Vai a caminho do sol
Mas nunca passa do chão.
Os degraus, quanto mais altos,
Mais estragados estão.
Quem tem medo não a sobe.
Quem tem sonhos também não.
Há quem chegue a deitar fora
O lastro do coração.
Sobe-se numa corrida
A escada sem corrimão.
Correm-se p`rigos em vão.
Nem sustos nem sobressaltos
Servem sequer de lição.
Adivinhaste: é a vida
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9º D
Aqui, sobre estas águas cor de azeite,
Minha velha Aia! Conta-me essa história
Carlota, à noite, ia ver se eu dormia
E vinha, de manhã, trazer-me o leite.
Talvez … baixando, em breve, à Água fria,
Sem um beijo, sem uma Ave-Maria,
Sem uma flor, sem o menor enfeite!
Aqui, não tenho um único deleite!
Cismo em meu Lar, na paz que lá havia.
Ah pudesse eu voltar à minha infância!
Lar adorado, em fumos, a distância,
Ao pé da minha irmã, vendo-a bordar:
Que principiava, tenho-a na memória,
<>.Ah deixem-me chorar!
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9º S M
Era uma vez, lá na Judeia, um rei,
Só por ter o poder de quem é rei
O malvado
Ou não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da Nação.
Porque um dia,
Por acaso ou milagre, aconteceu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Mas,
Que o vivo sol da vida acarinhou;
A gente olhava, reparava e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.
E na verdade, assim acontecia,
Feio bicho, de resto:
Um cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.
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10 A
TUDO O QUE FAÇO OU MEDITO
Querendo, quero o infinito.
Fazendo, nada é verdade.
Tudo o que faço ou medito
Fica sempre na metade.
Tudo o que faço ou medito
Que nojo de mim me fica
Ao olhar para o que faço!
Minha alma é lúcida e rica,
E sou um mar de sargaço -
Um mar onde bóiam lentos
Fragmentos de um mar de além…
Vontades ou pensamentos?
Não o sei e sei-o bem.
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11º A
Cobertos de folhagem, na verdura,
O teu braço ao redor do meu pescoço,
O teu fato sem ter um só destroço,
O meu braço apertando-te a cintura;
Num mimoso jardim, ó pomba mansa,
Sobre um banco de mármore assentados.
Na sombra dos arbustos, que abraçados,
Beijarão meigamente a tua trança.
Nós havemos de estar ambos unidos,
Sem gozos sensuais, sem más ideias,
Esquecendo para sempre as nossas ceias
E a loucura dos vinhos atrevidos.
Nós teremos então sobre os joelhos
Um livro que nos diga muitas cousas
Dos mistérios que estão para além das lousas,
Onde havemos de entrar antes de velhos.
Outras vezes buscando distracção,
Leremos bons romances galhofeiros,
Gozaremos assim dias inteiros,
Formando unicamente um coração.
Beatos ou pagãos, vida à paxá,
Nós leremos, aceita este meu voto,
O Flos-Sanctorum místico e devoto
E o laxo Cavalheiro de Flaublas…
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12º A
RECONHECIMENTO À LOUCURA
Já alguém sentiu a loucura
Vestir de repente o nosso corpo?
Já
E tomar a forma dos objectos?
Sim.
E acender relâmpagos no pensamento?
Também.
E ás vezes parecer ser o fim?
Exactamente.
Como o cavalo do soneto de Ângelo de Lima’
Tal e qual.
E depois mostrar-nos o que há-de vir
Muito melhor do que está?
E dar-nos a cheirar uma cor
Que nos faz seguir viagem
E fazer dos abismos descidas de recreio
E covas de encher novidade?
E sentirmo-nos empurrados pelos rins
Na aula de descer abismos
Sem paragem
Nem resignação?
E de uns fazer gigantes
E de outros alienados?
E fazer frente ao impossível
Atrevidamente
E ganhar-lhe, e ganhar-lhe
A ponto do impossível ficar possível?
E quando tudo parece perfeito
Poder-se ir ainda mais além?
E isto de desencantar vidas
Aos que julgam que a vida é só uma?
E isto de haver sempre ainda mais uma maneira pra tudo?
Tu Só, loucura, és capaz de transformar
O mundo tantas vezes quantas sejam necessárias para tudo?
Tudo , excepto tu, é rotina peganhenta.
Só tu tens asas para dar
Só tu és capaz de fazer que tenham razão
Tantas razões que hão-de viver juntas.
A quem tas vier buscar
José de Almada Negreiros
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CP-D-TSJ
Bucólica
A vida é feita de nadas:
De searas onduladas
De sombras de uma figueira;
De grandes serras paradas
Pelo vento;
De ninhos que outrora havia
Nos beirais,
De casas de moradia
Caídas e com sinais
De poeira;
À espera de movimento;
De ver esta maravilha:
Meu pai erguer uma videira
Como uma mãe que faz uma trança à filha.
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CPTRB
URGENTEMENTE
É urgente o amor, é urgente
Permanecer.
É urgente inventar a alegria,
Multiplicar os beijos, as searas,
E manhãs claras.
É urgente o amor
Cai o silêncio nos ombros e a luz
Impura, até doer.
É urgente destruir certas palavras,
Ódio, solidão e crueldade, alguns lamentos,
Muitas espadas.
É urgente descobrir rosas e rios
É urgente um barco no mar.
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12º CPIG
FIM
Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes,
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas!
Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza…
A um morto nada se recusa,
Eu quero por força ir de burro.
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CPTC
O ECHO
Tão tarde. Adão não vem? Aonde iria Adão?!
Talvez que fosse á caça; quer fazer surprezas com alguma corça branca lá da floresta.
Era p”lo entardecer, e Eva já sentia cuidados por tantas demoras.
Foi chamar ao cimo dos rochedos, e uma voz de mulher tambem, tambem chamou
Adão.
- Outra que não Ella chamara também por Elle.
Teve medo: Mas julgando fantazia chamou de novo: Adão? E uma voz de mulher
tambem , tambem chamou Adão.
E elle a saudá-la ameaçou-lhe um beijo e ella fugiu-lhe.
Foi-se triste para a tenda.
Adão já tinha vindo e trouxera as settas todas, e a caça era nenhuma!
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COZINHA 2
BRINQUEDO
Foi um sonho que eu tive:
Era uma grande estrela de papel,
E um menino de bibe.
Presa pelo cordel à sua mão,
O menino tinha lançado a estrela
Com ar de quem semeia uma ilusão;
E estrela ia subindo, azul e amarela,
E o menino, ao vê-la assim, sorriu
Mas tão alto subiu
Que deixou de ser estrela de papel.
E cortou-lhe o cordel.
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Trabalho de Grupo:
Mário André Ferreira Carvalho
Samuel Nunes Silva
Soraia Marisa Araújo Lameiras
André Simões
A CENTOPEIA
A centopeia
em correrias
eternas
a lua cheia,
à luz
de uma candeia.
tem cem pernas
para cercar
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CPET
DE TARDE
Naquele pique-nique de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
O ramalhete rubro das papoulas!
Pouco depois, em cima de uns penhascos,
Nós acampámos, inda o Sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
Um ramalhete rubro de papoulas.
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12º CPIG
FIM
Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes,
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas!
Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza…
A um morto nada se recusa,
Eu quero por força ir de burro.
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1º ciclo
3º F (Prof. Alzira)
É como a do caracol
De Inverno more com frio
Vinde lavar ao alegre
Ficou-me o cheiro na mão.
À beirinha do navio.
Fui lavar ao rio turvo
A vida da lavadeira
E de verão morre com sol.
A roupa do marinheiro
Meninas do rio triste
Que a água do nosso rio
E escorregou-me o sabão
Põe a roupa como neve.
É lavada no mar alto
Abracei-me com as rosas
não é lavada no rio
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