segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Continuando a publicação dos poemas puzzle, temos, desta vez, os dos alunos das turmas do 11º ano e do 12º ano bem como das turmas CEF.
11º A
O Mundo não se fez para pensarmos nele
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Porque pensar é não compreender...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
Porque o vejo. Mas não penso nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
O meu olhar é nítido como um girassol.
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
E de em quando olhando para trás...
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
Creio no mundo como num malmequer,
E eu sei dar por isso muito bem...
..........................................................................................

11ºB
Segue o teu destino
Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade
Nunca a interrogues
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.

Imita o Olimpo
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.

No teu coração.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.

Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.
Mas serenamente
Vê de longe a vida
Suave é viver só.
.....................................................................................
12º A
Sagres
Vinha de longe o mar...
Vinha de longe, dos confins do medo...
Mas vinha azul e brando, a murmurar
Aos ouvidos da terra um cósmico segredo.

E a terra ouvia, de perfil agudo,
A confidencial revelação
Que iluminava tudo
Que fora bruma na imaginação.

Era o resto do mundo que faltava,
(Porque faltava mundo!).
E o agudo perfil mais se aguçava
E o mar jurava cada vez mais fundo.

Sagres sagrou então a descoberta
Por descobrir:
As duas margens da certeza incerta
Teriam de se unir!
.........................................................................................
12º B
Feliz Dia para Quem É
Feliz dia para quem é
O igual do dia,
E no exterior azul que vê
Simples confia!
Na alma um azul do céu também
Tão belo ser
Azul do céu faz pena a quem
Com que viver

Insciente e sem querer passar.
Os montes quedos
Mas vejo quem devia estar
E em seus segredos!

Igual do dia
Pudesse haver no coração
Ah, e se o verde com que estão
Ah, a ironia

De só sentir a terra e o céu
Não pode ser
Quem de si sente que perdeu
A alma p’ra os ter!
.......................................................................................
COZ 1
A cor que se tem
Quando for crescida
Hei-de inventar
Um perfume de encantar.
Cor-de-rosa
Se preferir
É só decidir.
Quem o cheirar
Há-de ficar
Com a cor de pele
Que tem
Branco ou amarelo
Até estou a pensar
Outras cores acrescentar.
Para alegrar
Preto ou vermelho
Verde ou lilás
São cores bonitas
E tanto faz.
E assim
Há-de chegar
O dia de acreditar
Que o valor
Não se pode avaliar
Pela cor
De alguém
Que mais gostar.
E então
Tudo estará bem.
.........................................................................................................
COZ 2
Urgentemente
É urgente descobrir rosas e rios
E manhãs claras.
É urgente um barco no mar.
É urgente o amor.
É urgente destruir certas palavras,
Ódio, solidão e crueldade,
Alguns lamentos,
Muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
Multiplicar os beijos, as searas
Cai o silêncio nos ombros e a luz
Impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
Permanecer.
..........................................................................................................
OI 2
O Poema é...
O Poema é
A liberdade
Um poema não se programa.
- Sílaba por sílaba –
Sílaba por sílaba
O fazemos.
O poema emerge
- Como os deuses o dessem
Porém a disciplina
O acompanha.
............................................................................................................
CPET
Gato que brincas na rua
Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.
Todo o nada que és é teu.
És feliz porque és assim,
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.
Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.
..................................................................................................
CPIG
O Infante
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,
E viu-se a terra inteira, de repente,

E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
Que o mar unisse, já não separasse.
Surgir, redonda, do azul profundo.

Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Quem te sagrou criou-te português.
Cumpriu-se o Mar, e o império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!
...............................................................................................
CPTC
Natal
Natal...Na província neva.
Nos lares aconchegados,
Um sentimento conserva
Os sentimentos passados.
Coração oposto ao mundo,
Como a família é verdade!
Meu pensamento é profundo,
‘Stou só e sonho saudade!
E como é branca de graça
A paisagem que não sei,
Vista de trás da vidraça
Do lar que nunca terei!
.................................................................................................................
SM
A Bailarina
Esta menina
Tão pequenina
Quer ser bailarina.
Mas depois esquece todas as danças,
E também quer dormir com as outras crianças.
Roda, roda com os bracinhos no ar
E não fica tonta nem sai do lugar.
Não conhece nem dó nem ré
Mas sabe ficar na ponta do pé.
Esta menina
Tão pequenina
Quer ser bailarina.
Põe no cabelo uma estrela e um véu
E diz que caiu do céu.
Não conhece nem lá nem si
Mas fecha os olhos e sorri.
Não conhece nem mi nem fá
Mas inclina o corpo para cá e para lá.

0 comentários: