No âmbito da visita do escritor António Mota ao nosso Agrupamento, a professora Dulce Carvalho elaborou as bulas de duas conhecidas obras do autor: Pedro Alecrim e O Rebanho Perdeu as Asas.
Recomenda-se a leitura do documento antes de iniciar o tratamento.
Prescrição de Leitura
PEDRO ALECRIM
António Mota
Terminaram as aulas e começa a confusão. Parecemos carreiros de formigas acorrer para dentro das camionetas, quase sempre velhas e a largar fumaradas de gasóleo queimado .Não há respeitinho por ninguém, como costuma dizer a dona Judite, a contínua plantada à entrada da escola que, dentro daquele cubículo, faz-me lembrar um pássaro numa gaiola com telefone. O que importa é arranjar lugar sentado. Quem não chega a tempo faz a viagem de regresso a casa de pé. O Luís nunca corre e é o último a chegar. Vem com muita calma porque sabe que tem sempre lugar nos bancos de trás. Há um grupinho que se encarrega de lhe marcar o assento. Muito alto, sempre bem vestido, de cabelos compridos e encaracolados, o Luís pesa o dobro de mim e nunca está calado. Não sei onde aprendeu tantas anedotas e adivinhas, nem como consegue inventar tantas piadas. Em dias de prova de avaliação aparece sempre de gravatinha e cinto largo. A principio era uma grande risota vê-lo assim encadernado. Havia piadas. Mas o Luís não se aborrecia. E avisava:
– Podem rir mais, muito mais! Riam muito!... Mas fiquem sabendo que tenho muito respeitinho pelas avaliações…Não demorei muito tempo a descobrir a razão daquela estranha forma de vestir em dias de prova escrita. O Luís serve-se da gravata, do cinto e das mangas da camisa para colocar copianços. Ontem começámos a rir quando a professora de Português ameaçou que se descobrisse alguém a copiar, o punha logo fora da sala e lhe dava zero. E o Luís, o gordo Luís, com o ar mais sério do mundo:
–Ó stôra! Copiar? Nós?!... Era o que faltava… A gente não sabe fazer destas coisas… Ainda somos muito novinhos…Não gosto muito do Luís porque, um dia, já lá vão alguns meses, resolveu por toda a gente a rir na camioneta, afirmando que eu andava ali por engano. Que o meu lugar era na escola primária, junto dos copinhos de leite, a fazer redacções sobre as estações do ano. Não gostei nada da piada. E cantei-lhe, enervado, tudo o que me veio à cabeça. Claro que levei uns sopapos, que nem doeram muito, fiquei com o olho esquerdo inchado e dois botões da camisa arrancados. Por acaso uma camisa novinha a estrear…Quando entrei em casa, a minha mãe afligiu-se. Queria saber pormenores. Mas eu não lhe disse nada. Então ela começou uma conversa que nunca mais terminava. A minha mãe, quando começa a barafustar, é assim como uma trovoada em Abril: Fala, fala, fala, fala e, de repente, cala-se. A partir desse dia nunca mais quis conversas com o Luís nem me juntei ao grupinho que costuma acompanhá-lo
Texto com supressões de/Pedro Alecrim, de António Mota
“Pedro Alecrim”
Laboratório António Mota/Gailivro
Dosagem de Leitura : Aos capítulos
Composição
Pedro Alecrim é um ótimo remédio para os seus momentos de leitura. Tem como personagens principais o Pedro Alecrim, a Rita, a Joana e o Martinho, sendo o Nicolau o seu melhor amigo. Descreve as vivências das pessoas do campo.
Indicações
É excelente em pacientes obrigados a ficar na cama, como em casos de gripe e outras maleitas.Como atua eficazmente e tem, por isso um excelente efeito terapêutico, já vai num número elevado de edições.
Precauções
A sua leitura conduz-nos através duma saudável narração viciante, difícil de parar sem conhecer o seu fim. Deve ter-se o cuidado de recomendar este livro aos amigos, colegas e familiares.
Posologia
É vantajoso e mais eficaz dedicar diariamente alguns momentos à leitura. Em caso de situação aguda, deve fazer-se um tratamento intensivo tomando, de hora a hora, um capitulo completo. Na nossa Biblioteca encontrará bastantes doses, cheias de humor e imaginação.
Outras indicações
Se gostou, poderá, igualmente, ler do mesmo autor : O Rapaz de Louredo; O Rebanho perdeu as Asas;
Pardinhas; Cortei as Tranças; A Terra do Anjo Azul ; Os heróis do 6º F; Filhos de Montepó….
Prescrição de Leitura
O Rebanho perdeu as Asas
(António Mota)
Era uma vez um grupo de rapazes que tinha combinado, depois das aulas, ir até uma casa velha, desabitada, onde havia muitos besouros alojados.
Quando lá chegaram não sabiam quem deveria ir à frente, pois estavam todos com medo do zumbido forte que se ouvia.
Um dos rapazes disse logo que era melhor não irem, mas os outros não lhe ligaram.
Passado um bocado, um deles ofereceu-se para ir na dianteira, não porque era destemido, mas sim porque já estava cansado daquele silêncio.
Pegou numa vara e picou a trave onde estavam os besouros e, num piscar de olhos,formou-se uma enorme nuvem cinzenta que os perseguiu. Largaram tudo e desataram a correr, ao mesmo tempo que eram fortemente atacados pelas ferroadas furiosas dos bichinhos.
Quando lá chegaram não sabiam quem deveria ir à frente, pois estavam todos com medo do zumbido forte que se ouvia.
Um dos rapazes disse logo que era melhor não irem, mas os outros não lhe ligaram.
Passado um bocado, um deles ofereceu-se para ir na dianteira, não porque era destemido, mas sim porque já estava cansado daquele silêncio.
Pegou numa vara e picou a trave onde estavam os besouros e, num piscar de olhos,formou-se uma enorme nuvem cinzenta que os perseguiu. Largaram tudo e desataram a correr, ao mesmo tempo que eram fortemente atacados pelas ferroadas furiosas dos bichinhos.
Entretanto, chegaram ao campo do ti Zé Galo e também este desatou a correr, atacado pelos besouros, ao mesmo tempo que chamava aos rapazes mariolas, gritando com eles.
Pai e filho foram, então, buscá-los e mal puseram as abelhas na sua nova colmeia, ficaram os dois, extasiados, a ve-las a entrar e sair da colmeia.
Passado algum tempo, tudo decorria normalmente no campo e a família resolveu plantar um batatal, muito perto do local das colmeias.
Passado algum tempo, tudo decorria normalmente no campo e a família resolveu plantar um batatal, muito perto do local das colmeias.
O batatal foi crescendo mas, um dia, ao regá-lo, verificaram que estava inundado de escaravelhos e logo alí o pai jurou vingar-se desta bicharada, pulverizando tudo à sua volta.
Mas esqueceu-se de um pormenor: no mesmo batatal onde os escaravelhos se deliciavam com as folhas, também as abelhas das suas colmeias iam buscar o néctar para fabricar o seu delicioso mel.
Assim, tal como aconteceu com os escaravelhos, também todas as abelhas morreram, perdendo, assim, o rebanho, as asas.
“O Rebanho perdeu as asas”
Laboratório António Mota/Gailivro
Dosagem de Leitura : Aos capítulos
Composição
O Rebanho perdeu as Asas é um ótimo remédio para os seus momentos de leitura. Tem como personagens principais um grupo de rapazes muito aventureiros e, mais tarde, também, o pai de um deles, tudo isto com muitas abelhas à mistura...
É excelente em pacientes obrigados a ficar na cama, como em casos de gripe e constipações que necessitam de umas colheradas de mel. Atua eficazmente e como tem bom efeito terapêutico já vai num número elevado de edições.
Precauções
A sua leitura é uma saudável narração viciante, difícil de parar sem conhecer o seu fim. Deve, no entanto, estar-se atento às ferroadas dos besouros e ao uso dos pesticidas sem precaução. Uma recomendação importante é lembrar aos seus amigos, colegas e familiares a leitura desta obra.
É vantajoso e mais eficaz dedicar diariamente alguns momentos à leitura. Em caso de situação aguda, deve fazer-se um tratamento intensivo, tomando, de hora a hora, um capitulo completo, acompanhado de umas colheradas de mel . Na nossa Biblioteca encontrará doses completas cheias de humor, doçura e imaginação.
Outras indicações
Se gostou poderá, igualmente, ler do mesmo autor : Pedro Alecrim ; O Rapaz de Louredo; Pardinhas; Cortei as tranças; A terra do Anjo Azul ; Os heróis do 6º F; Filhos de Montepó…
2 comentários:
Gostamos muito deste blog.
Está muito bem apresentado.
Eu adorei este blog.ESTA MUITO BEM APRESENTADO.
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